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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Repórteres imbecis com perguntas cretinas


     Bom dia a todos.

     É estranho; quando algo ruim acontece e que o povo se choca, como a recente morte da menina Cristal, a mídia não dá sossego para a família. Voam sobre a casa e atacam os parentes como corvos quando veem carniça, apenas atrás de uma boa cobertura do ocorrido. Resultado: Não adianta mudar de canal na hora do jantar; você só encontrará emissoras falando sobre o caso.
     Eu me pergunto qual é o problema desses profissionais de rua. Eles deveriam dar espaço para a família, ou pelo menos fazer perguntas menos imbecis do que: "Como você está se sentindo neste momento?", ou o clássico "E agora?". Lembro-me até hoje de como foi quando Michael Jackson morreu, repórteres pelas ruas entrevistando pessoas que passavam pelas ruas, com a chuva de perguntas. Uma delas não sai da minha cabeça: "O que Michael Jackson era para você?" o entrevistado respondeu educadamente coisas como "um talento como o dele, não existe outro igual", "um gênio", etc, ai o repórter manda a pérola: "E agora?". Silêncio. O entrevistado não sabe o que dizer, eu fiquei constrangido por ele... Aí, corta a cena para outro entrevistado que pensou em algo para responder a essa pergunta. Como assim "e agora"? "Agora enterra, oras". Era o que eu responderia, "Agora, deixa eu ir pro trabalho", "Agora, pensa em uma pergunta mais inteligente pra me fazer, vai, eu espero".
     Sinceramente, o dito-cujo estuda, não sei quanto tempo numa faculdade de jornalismo, para sair de lá e fazer perguntas estúpidas, assim? É sério isso? Agora eu entendo porque tiraram, um tempo trás, a necessidade de um jornalista ter diploma: simplesmente porque qualquer idiota faz perguntas daquele nível.
     Pior foi com o cara que tava dirigindo o carro que caiu na água e a menina Cristal se afogou. Repórter de emissora grande fazendo perguntas como: "o senhor confirma ter bebido?", depois de dizer trocentas e zerenta e dez vezes que sim, havia bebido uma lata de cerveja, ele já estava irritado com perguntas e nervoso pelo ocorrido, imagina como ele falava rápido e grosso. E a mesma repórter manda outra pergunta: "o senhor acha certo beber e dirigir?", ele responde grosso novamente, ai a repórter manda a pergunta mágica: "Calma, o senhor está nervoso?"... Maaaaaaano... O MEU sangue ferveu. Eu fiquei com raiva por ele. Eu dava um tapa nela. Mas ele fez melhor. "Como não vou estar nervoso depois de tudo o que aconteceu?", ele respondeu para a mulher.


     Aí depois, a mídia, sensacionalista como sempre, piora a situação do cara. Uma lata de cerveja, dirigindo, acidente, e depois responde grossamente? Conclusão: está bêbado. Ai, manchetes e mais manchetes nos jornais falando sobre o motorista bêbado, com carteira vencida a oito anos, que matou a criança. Olha como muda toda a imagem.
     E outra coisa, como gostam de ressaltar o fato de uma carteira de habilitação vencida! É o ó! Desde quando carteira vencida significa que a pessoa não sabe mais dirigir? Estou lá eu com meu carro, dirigindo feliz e contente, de repente eu lembro que a minha CNH expirou. Pronto, do nada, eu desaprendi a dirigir? É assim que funciona? NÃO! E não, não estou protegendo ele, mas estou dizendo que, se ele continuou dirigindo nesse meio tempo, ele não desaprendeu coisa alguma sobre direção. As habilidades dele continuam intactas, mas a mídia é implacável e não deixa escapar um único detalhe, por menor que ele seja. Se isso é bom ou ruim, depende do caso.
     Os repórteres deveriam se preocupar em informar melhor e não focarem em perguntas que qualquer um, que não teve o mesmo treinamento que eles na faculdade, poderia fazer. Deveriam saber que há um limite emocional nas pessoas envolvidas nos eventos, e que quando o trabalho deles começa, este limite se esgotou. É chegada a hora de falar sobre o que aconteceu no local, dar espaço às famílias, pensar no que perguntar, e depois que um tempo se passou e o caso está esclarecido, conversar com os familiares; e não começar a infernizar a vida das pessoas, cujas vidas já estão um inferno, logo no momento do ocorrido, no velório, ou no enterro, como se cansa de ver.
     Não duvido que um estudante de jornalismo, ou um jornalista, caso leia o que eu escrevi hoje, tente me contradizer, mas quero ver ele contradizer este vídeo que mostra todas as etapas da reportagem: no ato, no velório, no enterro, e as perguntas imbecis.



     Sem mais,
     Aquele abraço.

Um comentário:

Cínthia disse...

Infelizmente, para minha classe, esse mal está no nosso dia-a-dia, a gente querendo ou não.

Ficamos entre a cruz e a espada. Ou você faz ou você perde.

O capitalismo e a selvageria não tem limites. Não concordo com esse tipo de atitude. Ruim pra mim, pois se eu tiver que escolher entre dar "o furo" ou perder o furo. Escolho o segundo.

Muitos não acreditam em mim, fazer o quê, não dá pra agradar gregos e troianos.

Mas eu sei o que eu faria e o que eu não faria!

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